Crônicas

" O Fogo sob controle ".

Essa é uma Técnica de Segurança e Prevenção de Incêndios.
Para quem não conhece, chama-se
" Fogo Controlado ".
Nada mais é que combater fogo com fogo .
Como assim ?!?
É simples !
Consiste em colocar fogo em um trecho de mata em que você consiga limpar e deixar sem material inflamável.
Quando o fogo na mata chegar próximo ao trecho escolhido estrategicamente, terminará por se extinguir por nada mais ter a queimar .
Assim é .
Quando o medo queima , combatemos com o fogo da Esperança, da Fé, da Tolerância.
O Fogo do Perdão.
Nada que a sabedoria de acreditar na resolução proporcionada pelo Tempo, com Serenidade, Foco, Esperança e Fé não sejam capazes de resolver .
Michelle Louise Paranhos



💚💚💚

"A cavalgada"

    Você já esteve numa cavalgada ?
      Ainda comum em cidades do interior, é praticamente inexistente  nos centros urbanos.
      Por isso,a  maioria das pessoas nunca esteve em uma . Quando muito, conhece o significado um tanto óbvio fornecido pelo dicionário : um grupo de pessoas a cavalo.
     A definição está longe de corresponder a realidade .
     Na aparente balbúrdia do evento existe harmonia e até mesmo uma  hierarquia  suttil.
     Não me refiro ao líder -ou ponteiro-, que guia o grupo pelos caminhos e abre cancelas. Tampouco falo do equitador da retaguarda, que cuida para ninguém se desgarrar do grupo e tem a função de fechar as porteiras após a passagem do grupo .
     Nem menciono as trilhas ecológicas a percorrer, belíssimas,nem sobre origem dos eventos,como as Cavalgadas religiosas-a procissão equestre-, ou mesmo Cavalgadas de datas comemorativas e  apenas de puro lazer.
    Falo do início do festejo .
    A concentração.
    Voltava de uma banal ida ao mercado, sacolas em cada mão quando, na parte reta de acesso a minha rua, por uma ladeira íngreme, me vi em meio a tratadores, cavalos, amazonas e cavaleiros e,é claro, o público,que se acotovelava ignorando os riscos de levar um coice dos potros ou dos cavalos mais ariscos, cujos donos insistem em levar para a festa. Alguns ainda se precaveram, é verdade, colocando antolhos na cabeçada dos animais . Mas os medo os faz corcovear, mesmo assim.
     Há cavalos fantasiados com esmero, vestindo  máscaras e mantas de personagens da animação e até mesmo com bandeiras de times de futebol .
     A Cavalgada da República transpira ares democráticos, onde a sociedade interionana  se reúne em peso para ver... e ser visto. Decido ficar um pouco mais. O sorvete chegará derretido,eu sei. Mas não perderei isso por nada.
     Próximo ao palanque , lá onde ficam os animadores e as caixas de som convocando os cavaleiros participantes e o público em geral , desfilam os mais vaidosos cavaleiros e amazonas,  deixando alguns reais na barraca oficial do evento  onde compram  chicotes , selas , canecas e camisas com o símbolo da caminhada, enquanto aguardam que o berrante anuncie o início do evento  .
    Com sorte, no lugar das caixas de som do trailer oficial  -  semelhantes a trio elétricos carnavalescos-, essa festa será animada por cantores sertanejos à carater, usando chapéu de feltro, jeans colado , camisa de tecido xadrez , esporas que tilintam ao andar e botas que custam algumas centenas de reais..
    O forró universitário, a musica sertaneja  e  de Sofrência se alternam, numa mistura de acordes, risadas,brindes, relinchos e escavar de ferraduras impacientes sobre a terra batida.
    O ambiente,a essa altura, já está impregnado com a mistura de suor, perfume caro e esterco .
    Os donos da festa exibem arreios variados de acordo com as posses e prestígio de seus tutores.
    Os primeiros a partir usarão bridão delicado sobre a boca sensível  e crinas trançadas. Alguns deles com apenas quatro anos ainda, são ainda potros rebeldes recém domados e participam pela primeira  vez da maratona equestre.
    Os que virão logo atrás usarão freios cortantes sobre a língua e arreios simples,mas foram banhados e escovados para a festa.
     E por fim as charretes e cabriolés trazendo famílias inteiras e vários pais orgulhosos dividindo a sela com pequenos cavaleiros.
     Até os oito anos, os pequenos ginetes serão iniciados na arte da montaria ,  montando pelo lado esquerdo da sela, aprendendo a se manter firmes sobre a sela,  marchando, trotando,e até arriscando pequenos galopes.Ao fim da jornada, descerão também pelo lado esquerdo com perninhas arqueadas e bumbum dolorido,até acostumar.Quase todos já andam sozinhos nas fazendas de origem,mas percorrer seis horas de trilha é lição para fortes de espírito e de vontade domada. Só após essa idade poderão montar sozinhos, desde que os responsáveis estejam entre os cavaleiros.
     Por último, num meio galope, chegam os Poneis puxando pequeninas carroças, animais robustos a carregar sem esforço homens com o dobro de sua altura.
    Um pouco afastado,graças a um resto de sanidade, um homem segura a rédea com apenas uma das mãos enquanto com a outra entorna o conteúdo de uma lata de cerveja goela abaixo  . A música de sofrencia fez estrago no juízo e no coração do peão.
    O cavalo gira sobre as patas,rodeia,mas o peão se mantém sobre a sela,para espanto dos que observam a cena.
    .Logo mais será obrigado a retornar ao ponto de início, isso se não for expulso e ainda pagará pelo gasto com o transporte..
    Dizem que a cavalgada começa com o avante do poteiro,marchando com garbo, seguido pelo festivo grupo.
   Mas é ali, no Compasso de Espera, no aguardar do grito do berrante, onde tudo de fato acontece.
   E enquanto ele  não anuciar a partida, é aqui que vou ficar.

                              Michelle Louise Paranhos-21/11/18.
                                                              💛💛💛💛💛 
                          E hoje é dia de ...CRÔNICA!
Ovo frito.
Hoje é seu dia de se imaginar numa edição de Master Chefe .
Chegou a hora!
Ao entrar na cozinha percebe que está toda equipada.
Cada participante entrará sozinho, seu momento exclusivo e não há regras.
Exceto o tempo. ..o tempo é o senhor do destino.
O participante - ou melhor dizendo, você - abre os armários. 
A bancada tem ingredientes frescos e você pensa...
Apenas 15 minutos. 
O que fazer em 15 minutos???
Precisa terminar e rápido. 
Você olha e analisa.
Com um olho aguçado visualiza cada ingrediente e receita possível. 
Não há tempo.
Olha : há ovos!
Ovos! !! Simples não? 
O que posso adicionar a ovos? De que forma? 
Então pega um prato e coloca dentro dele alecrim, pitada de sal, queijo ralado, cebola fatiada e champingnos. E ovos ,claro!
Bate tudo e despeja na frigideira untada com manteiga. 
Sabores. 
Combinações. 
Encontros perfeitos.
Em minutos a omelete está pronta.
Então orgulhoso você entrega a sua receita aos provadores oficiais e se espanta quando um deles reclama:
- Porque não fez um ovo frito?
&&&
Muitas vezes escrevemos para nossos leitores aquilo que julgamos ser o nosso melhor.
Pesquisamos,usamos técnicas diferenciadas,fugimos do óbvio. 
Porque achamos que nossos provadores oficiais querem usufruir de novidades. 
Novos sabores. 
Mas....uma coisa é o discurso e outra é a realidade.
Pessoas gostam de clichês porque o novo assusta.
E preferem a leitura superficial da vida.
Sonham com altos vôos mas planejam minuciosamente cada viagem,comprando passagens de ida e volta.
Querem um dia voar de asa delta mas todo dia pela manhã pegam o mesmo ônibus exatamente à mesma hora para o mesmo destino.
Dia após dia.
Suas vidas são rotineiras.
Para nós escritores só restam duas escolhas : 
Ou se realizar e fazer o melhor que puder com os ingredientes que sua criatividade permitir .
Ou entregar aquilo que o leitor deseja no seu íntimo. 
Sempre haverá alguém a desejar ovos fritos, certo ?
Ninguém serve bem a dois senhores.
Quem é o senhor da sua vida?
#pararefletir.
                                                                      
                                                                   
                                                                                                         Michelle Louise Paranhos-21/11/18.

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