Entrevistas e mais

Uma das primeiras entrevistas que concedi.
Foi para o dia 19/11/2015 no Lançamento do Livro Mulato Velho .
Entrevista com Michelle Louise Paranhos, perguntas elaboradas pela escritora portuguesa Rita de Cássia Miranda.
1) Existe algum projeto especial por trás de seu livro mais recente, “Mulato Velho”?
R:Sim, existe. Acredito que um livro para ser memorável para um leitor precisa modificar sua visão de mundo e/ou modificar algo em sua vida. Quer seja por ser uma história divertida, ou reflexiva, alegre ou triste- isso não importa. A mensagem que transmita ao leitor é sempre a mais importante. E eu quis contribuir de uma forma divertida para que os jovens conheçam um pouco mais a história do nosso país(especialmente do RJ)assim como possa refletir sobre vários assuntos: escravidão,racismo,Identidade Brasileira,Intolerância étnica,cultural e religiosa.
2)Você Gostaria de ser premiada como todo mundo não é verdade? Qual postura você considera importante, para um escritor chegar ao reconhecimento nacional e internacional? de quem depende seu sucesso?
R:Eu fui indicada ao PRÊMIO CECÍLIA MEIRELLES este ano, e receberei o troféu ano que vem. O sucesso depende de diversos fatores, entre eles a sorte. Porém, as pessoas entendem a sorte como algo aleatório, mas não é; Sorte é você estar preparado para aproveitas as oportunidades quando elas surgem.Eu não sou uma escritora “pronta” e creio não estar nunca!Gosto de experimentar e principalmente aprender. Digo que a fase de pesquisa para construção de cenários de um livro e perfil de personagens é minha parte preferida de um livro, muito antes de escrever o primeiro parágrafo. Embora Mulato Velho seja meu segundo livro e já esteja com o próximo pronto, em fase de revisão, acho que ainda preciso muito aprender. Recentemente participei do PRIMEIRO CONGRESSO LUSÓFONO DE ESCRITA CRIATIVA e aprendi muito. O sucesso depende de uma boa divulgação, de uma dose de sorte (àquela a que me referi acima) e principalmente de uma história com qualidade.
3)Qual livro marcou sua vida? O que você está lendo no momento?
R:O livro que marcou minha vida foi “ Para Ler e Pensar”,de Hermann Hesse.Era um livro de aforismos- máximas- com o pensamento do autor.E uma delas “a verdade tem mil faces,mas só existe uma verdade”,me perseguiu por muitos anos,sendo remoída em minha mente.E foi nela que pensei como epígrafe do livro Ponto de Ressonância,onde fala que nada é exatamente aquilo que julgamos ser.Existem várias faces de uma mesma verdade.Nós,raramente temos acesso a verdade como um todo.
4) Quais são seus novos planos de publicação?
R: Um livro pronto para ser publicado, “coisas de Lorena” e outro, ainda em fase de pesquisa é uma lenda, uma história de aventuras seguindo nessa linha de Mulato Velho. O Roberto, o turismólogo que conta a história durante o sarau sobre a formação da cidade de Amarílis e revela a história de BOBO, do menino Nico e do Boto, estará presente nessa trama, mas agora irá até o estado de Minas Gerais.
5) Quais objetivos e temáticas principais ainda rondam seus pensamentos?
R:A educação especial anda no meu pensamento porque foi pedido especial de algumas leitoras amigas no Facebook, mães de crianças especiais, assim como eu. E por isso dividi um pouco da minha experiência com elas, para haver a oportunidade dessa troca, muito saudável.
E dar continuidade ao redescobrimento do Brasil. Ainda não é definitivo, mas pretendo correr o país com histórias e lendas seguindo a temática iniciada com Mulato velho. Como disse, o próximo livro em fase de pesquisa será em Minas gerais. Mas irei fazer levantamentos de lendas e histórias por todo o nosso país.
6) Como surgiu a ideia de Mulato Velho?
R:Foi através de duas noticias diversas; Uma era sobre uma receita que eu procurava no site de busca e surgiu esse nome estranho Mulato velho. E muito curiosa que sou, fui buscar a origem do nome e do prato. Descobri que até em nossa música o Mulato Velho já se fez presente, como conto no prólogo do livro.
A outra notícia foi de que um único boto era visto recorrente nas imagens de foto identificação dos especialistas desde que surgira esse processo. E que agora apenas 40 golfinhos eram vistos em nossas águas, sendo que antes era um animal tão exuberante da fauna aquática no RJ.
7) O que tem a dizer sobre os autores que estão iniciando?
R:Sejam persistentes, não tenham pressa em terminar a história. Muitos, tão logo que coloca o ponto final deseja correr para uma editora....Calma! Revise, dê um tempo para a história, guarde-a por uns meses na gaveta ou em arquivo no PC e depois releia com os olhos de leitor...será que aquele trecho diz exatamente aquilo que você pretendia dizer? Escreveu a mais- e precisa cortar- ou de menos- e precisa acrescentar informações?
Aí sim, procure uma editora. Tenha certeza de ter um original pronto ante de enviar para um editor ou analista critico examinar. Geralmente editores, principalmente das grandes editoras, leem poucas páginas antes de definir se uma história é boa. Mas sempre que possível eles leem a obra completa e principalmente analisam a coerência dos personagens, e se o personagem disse a mensagem que o autor quis transmitir com a narrativa.
8)Qual é o seu foco principal?
R:Ler e cada vez mais aprimorar a minha escrita. Construir uma carreira literária.
9) O que você considera necessário para escrever um livro? Você acredita que qualquer um pode se tornar escritor?
R:Penso que qualquer um sim pode se tornar um escritor desde que queira. Se ele será um bom escritor aí já depende de talento-aquela centelha pessoal que é difícil de explicar, mas que todos compreendem! Para escrever bem existem técnicas, cursos de escrita, até faculdade já existe, além da tradicional carreira de Literato. Oportunidades existem. Mas o talentoso escreve, ele não quer escrever...ele não fica pensando no que vai escrever diante de uma tela em branco do computador ou de uma folha de caderno.Não! Ele escreve o que lhe vê a mente e lhe fala o coração.
10) Fale sobre as figuras mitológicas de seu livro.
R:Existe toda a cultura africana neste livro e em especial a religiosidade descrita através dos orixás. Embora o foco não seja a religião, é difícil conceber um ser humano que não seja tocado pela centelha divina, ainda que não concorde com ela. Mesmo ateus e agnósticos conhecem essa centelha divina, embora não compactuem com seus ensinamentos. Quando BOBO cresceu em nosso país, ele cresceu ouvindo as histórias dos orixás da religião de sua mãe, e também as figuras da religião católica, já que NICO era filho de Portugueses, país então predominantemente católico. Essa miscigenação cultural também resultou numa religião genuinamente Brasileira- A Umbanda- e esse sincretismo religioso está entranhado em nossos pensamentos. É a Iemanjá que reverenciamos com presentes jogados ao mar na virada do ano.
Os africanos tem uma forma de entender o boto , muito bonita.Existe uma divindade para esses animais. O boto é um animal sagrado; Então reuni essas duas culturas e criei a lenda do Mulato velho.
Espero que gostem e continuem me acompanhando porque ainda tenho Muitas Histórias para contar!

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